
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
Acontece ...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009
“O tempo não pára”
Leituras sugeridas
Carvalho, M.R. et al. 2005. Revisiting the Taxonomic Impediment. Science, 307(5708): 353.
Carvalho, M.R. et al. 2007. Taxonomic Impediment or Impediment to Taxonomy? A Commentary on Systematics and the Cybertaxonomic-Automation Paradigm. Evolutionary Biology, 34(3-4): 140-143.
Kunzig, R. 2009. Ilhas da Controvérsia. Especial Scientific American Brasil. Terra 3.0. Soluções para o progresso sustentável, 1: 22-29.
Santos, C.M.D. & Amorim, D.S. 2007. Why biogeographical hypotheses need a well supported phylogenetic framework: a conceptual evaluation. Papéis avulsos de Zoologia, 47(4): 63–73.
Wheeler, Q.D., Raven, P.H. & Wilson, E.O. 2004. Taxonomy: Impediment or expedient? Science 303: 285.
Wilson, E. O. 1985. Time to revive systematics. Science, 230: 1227.
Zaher, H. & Young, P.S. 2003. As coleções zoológicas brasileiras: panorama e desafios. Ciência e Cultura, 55(3): 24-26.
sábado, 7 de novembro de 2009
Evolução e Ensino de Ciências - Aprofundando a discussão ....
Quem tiver interesse em aprofundar a discussão sobre a utilização de filogenias no ensino de evolução, não deixe de visitar o blog Um Longo argumento, que pertence a um dos autores dos trabalhos citados nas postagens sobre "Evolução e Ensino de Ciências". A postagem Ensinando evolução através de filogenias, que deverá ser continuada, discute de forma detalhada e aprofundada o assunto.
Até mais!
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Evolução e Ensino de Ciências – Parte III
De forma geral, o tema evolução é abordado em sala de aula de forma rápida, em poucas aulas, na terceira série do ensino médio. É um tópico independente, sem relação com as outras disciplinas, distanciando a teoria de seu contexto original.
A percepção dos alunos baseia-se na relação Darwin X Lamarck, sendo que o contexto histórico no qual a teoria foi desenvolvida, as modificações de pensamento e formas de interpretação mundana ao longo de séculos são deixados de lado, assim como a influência de vários autores na obra de Darwin, em especial Wallace.
O ensino de evolução geralmente se apóia na teoria de seleção natural, sem referências a outros mecanismos evolutivos, como deriva genética, efeito do fundador, fluxo gênico, entre outros.
Essa perspectiva tradicional é prejudicial ao entendimento dos alunos, favorece a permanência e difusão de interpretações equivocadas e, acima de tudo, distancia o conteúdo ensinado da famigerada interdisciplinaridade, foco das discussões atuais sobre ensino de ciências, e amplamente facilitada quando desenvolvemos nos alunos uma forma de pensar abrangente, histórica, filosófica, e não há conteúdo melhor para atingirmos esse objetivo que o ensino de evolução.
Segundo o MEC/PCN 2002: “Evolução necessita de uma dimensão histórico-filosófica dada por um amplo senso do Darwinismo e suas conexões com ecologia e outras áreas da Biologia”. Infelizmente, ainda estamos um pouco distantes disso. A maioria dos alunos entende evolução como um processo individual, linear, determinístico (teleológico), como um progresso em direção à forma mais complexa, sendo que o ambiente muda e ocasiona a variação, sem uma compreensão da questão temporal. Além disso, Darwin está sempre certo e Lamarck é um maluco que propôs idéias equivocadas.
Mas como ensinar evolução de forma clara e condizente com a proposição da teoria? Uma abordagem com base na Sistemática Filogenética (Cladística) seria o caminho mais curto (vide p.ex. Calor & Santos, 2004; Santos& Calor, 2007 a,b).
A sistemática filogenética, proposta inicialmente pelo entomólogo alemão Willi Hennig (1885-1965), foi influenciada pelo pensamento evolutivo desde a Síntese Moderna do século XX. Lida diretamente com a descrição da diversidade natural. Propõe um método que reflete os resultados do processo evolutivo e implementa o conceito de ancestralidade comum.
Antes da Filogenética, as classificações já tentavam ser evolutivas, mas eram do tipo intuitivas. Hennig introduziu uma base evolutiva à Sistemática, na qual a descendência com modificação seria a causa do padrão hierárquico de grupos-irmãos. As essências do método Hennigiano podem ser utilizadas como instrumentos em aulas de Biologia, uma vez que a cladística esclarece alguns dos pontos de maior dificuldade de entendimento por parte dos alunos, além de introduzir uma terminologia filosófica e científica.
O objetivo da sistemática Hennigiana é hipotetizar grupos-irmãos, expressando-os através de diagramas ramificados chamados cladogramas. A partir do momento que um aluno consegue interpretar de maneira correta este tipo de diagrama, ele consegue perceber que o processo não é linear, nem determinístico e muito menos um progresso. A leitura desses diagramas, pelo contrário, demonstra que o processo é temporal, populacional, ramificado, por meio de modificações a partir de um ancestral comum, e que todos os táxons terminais encontram-se em um mesmo patamar, nem melhor, nem pior, todos igualmente adaptados às condições ambientais de uma época.
Nas palavras do geneticista Richard C. Lewontin: “A compreensão das relações organismo X ambiente, além de pré-requisito para o entendimento da evolução biológica, é a base para a formação de cidadãos críticos, com responsabilidade ambiental, do qual eles se sintam parte integrante.” E não há caminho melhor que uma perspectiva filogenética, que já é uma cinquentona a ainda distante das aulas de Biologia.
Sugestões de leitura:
Calor, A.R. & Santos, C.M.D. 2004. Filosofia e Ensino de Ciências: uma convergência necessária. Ciência Hoje, 59-61.
Santos, C.M.D. & Calor, A.R. 2007a. Ensino de Biologia Evolutiva utilizando a estrutura conceitual da Sistemática Filogenética - I. Ciência & Ensino 1(2): 1-8.
Santos, C.M.D. & Calor, A.R. 2007b. Ensino de Biologia Evolutiva utilizando a estrutura conceitual da Sistemática Filogenética - II. Ciência & Ensino 1(2): 1-8.
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
Evolução e Ensino de Ciências – Parte II
A biologia evolutiva é construída em torno de duas grandes idéias. A primeira, de que todos os seres vivos são aparentados uns aos outros, em decorrência do processo de descendência com modificação ao longo do tempo (ancestralidade comum). A segunda, de que há mecanismos responsáveis por esse processo. Mas o caminho até esses dois “únicos” pontos é bastante sinuoso.
Do latim evolutio, do verbo evolvere, a palavra evolução remete a algo que se desenrola ou se desenvolve. Nos séculos XVI e XVII, a evolução associava-se à teoria de pré-formação, sendo considerada a ontogênese ou gênese de um organismo individual. Nessa abordagem, elaborada pelo biólogo alemão Albrecht Von Haller (1708-1777), o surgimento de um novo organismo seria o simples resultado (“desenrolar”) de um embrião pré-formado (homúnculo).
Atualmente, interpreta-se o Darwinismo como sendo dividido em cinco teorias: I) a teoria da evolução em si, que admite o mundo como um produto de mudanças ao longo de milhões de anos, ou seja, o mundo não é constante e estático como acreditavam os essencialistas (Platão e Aristóteles). Não é uma idéia original de Darwin, já havia sido comentada por Lamarck e Meckel, e rompe com o paradigma essencialista e religioso, uma vez que não há mais a necessidade de uma criação divina; II) a evolução por ancestralidade comum, no qual as espécies se modificam ao longo do tempo por meio de um processo ramificado (descendência com modificação), não linear. Essa idéia (já comentada nos trabalhos de Lamarck, Wallace e Buffon) rompe com os ideais de uma espécie humana superior, diferente dos outros animais, e com a idéia de evolução como progresso; III) o gradualismo, processo de descendência com modificação se dá de forma lenta e gradual; IV) processo evolutivo não é individual, e sim populacional, e há uma variação intraespecífica. As diferenças que tornam as populações distintas ao longo do tempo terminam por gerar espécies diferentes, sendo a evolução um processo cumulativo; V) a seleção natural, mecanismo que explica a origem das espécies, desenvolvido juntamente com Wallace. Não há um plano superior, uma tendência, um design. As diferenças existem e são selecionadas de acordo com as características ambientais da época. É um processo natural e casual.Sugestões de leitura:
Mayr, E. 2006. Uma ampla discussão. Charles Darwin e a Gênese do Moderno Pensamento Evolucionário. Editora Funpec. 224 p.
Meyer, D. & El-Hani, C.N. 2005. Evolução o sentido da biologia. Editora Unesp, São Paulo. 132 p.
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
Evolução e Ensino de Ciências – Parte I
Quando falamos ou pensamos em evolução, geralmente nos deparamos com Charles Darwin, Lamarck e girafas. Esse tipo de associação é muito comum, em parte devido à maneira como a teoria da evolução é ensinada nas escolas e ao fato de serem os exemplos recorrentes em nosso cotidiano, como notícias de jornais e revistas e propagandas. Mas a evolução, como deveria ser entendida, é um processo muito mais amplo, de entendimento da história da natureza, que envolve modificações de pensamentos ao longo do tempo, a participação de diversos pensadores em um contexto histórico particular. A evolução é um processo, acima de tudo histórico, não preditivo e não linear. O chamado “Darwinismo”, de certa forma, atravanca o desenvolvimento do pensamento evolutivo em sua forma integral e do ensino de Biologia. Assim, entender a teoria evolutiva em seu contexto histórico é imprescindível para o entendimento da Biologia, uma vez que este é seu grande pilar.
O entendimento da natureza inicia-se no período Pré-Socrático (séc. VII-V a.C.). Para os pensadores da época o mundo era constituído a partir dos quatro elementos fundamentais: terra, fogo, ar e água. A diversidade conhecida derivava-se de um desses elementos e para entendermos a diversidade deveríamos observar e compreender a natureza.
Platão (428-347 a.C.), discípulo de Sócrates (470-399 a.C.), era essencialista e contrário à busca na natureza conforme as idéias pré-socráticas. Para ele, a realidade (mundo das formas) seria como um reflexo imperfeito do mundo das idéias (essências, mundo perfeito). Aristóteles (384-322 a.C.), aluno de Platão, precursor do empiricismo e da biologia comparada, fez menção a termos utilizados atualmente como analogia e homologia topográfica (que não é o mesmo que homologia filogenética). Também era um essencialista e fixista, acreditava nas essências fixas e imutáveis, mas diferentemente de Platão, as essências das coisas estariam nas próprias coisas e era preciso observar a natureza para entendê-las.
Já na era cristã, destaca-se o botânico, zoólogo e médico sueco Carolus Linnaeus (1707-1778), primeiro sistemata moderno e biogeógrafo, conhecido por seu sistema de nomenclatura binomial. Lineu defendia a idéia de uma “cadeia dos seres” (evolução linear, como progresso) e a existência de um centro de origem, um Éden, a partir do qual as espécies se dispersavam. O Éden seria uma montanha alta situada abaixo do Equador, na qual áreas com temperaturas semelhantes apresentariam as mesmas espécies.
Contemporaneamente, o naturalista e matemático francês, Conde de Buffon (1707-1788), criticou a idéia de terra fixa de Lineu, assim como a imutabilidade das espécies e a criação paradisíaca. Foi o precursor do evolucionismo e da biogeografia, o primeiro a apresentar problemas concernentes à teoria evolutiva, precursor da teoria da deriva continental (já tendo observado a semelhança entre as costas da África e da América do Sul). Para Buffon, áreas com climas semelhantes apresentavam espécies diferentes. Enquanto se dispersavam, mudavam, originando novas espécies, ou seja, haveria dispersão com modificação a partir do centro de origem, descendência com modificação a partir de um ancestral comum (100 anos antes de Darwin!!!).
Já no século XVIII, destacamos o naturalista inglês Alfred Russel Wallace (1823-1913), co-autor do princípio de Seleção Natural, que segundo ele seria o principal processo evolutivo. Wallace atuou também no campo da biogeografia, sendo o primeiro biogeógrafo moderno, propondo regiões biogeográficas por meio de estudos de diversos grupos de organismos, ainda hoje utilizadas com poucas modificações. Apesar disso, seu legado acerca da seleção natural é pouco enfatizado nas aulas de Ciências e há um esforço por parte do meio acadêmico em divulgar a influência das idéias de Wallace em “A origem das espécies”, publicado por Charles Darwin, em 1859.Os méritos de Darwin, as cinco teorias que compõem a Teoria Evolutiva, a época que se segue e como utilizar esse conhecimento para ensinar ciências de forma clara, correta e sem grandes mitificações são os assuntos das postagens que se segue. Até mais!
Meyer, D. & El-Hani, C.N. 2005. Evolução o sentido da biologia. Editora Unesp, São Paulo. 132 p.
Agradecimentos:
As idéias aqui discutidas (nesta e nas postagens que se seguem) são fruto de discussões e leituras dos trabalhos de Adolfo R. Calor (professor da UFBA) e Charles Morphy D. Santos (professor da UFABC e autor do blog “Um longo argumento” - charlesmorphy.blogspot.com), amigos queridos a quem devo sinceros agradecimentos.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Acontece ....
Em 2010, acontecerá a 8ª edição do Curso de Verão em Entomologia, com palestras e mini-cursos de pós-graduandos do programa e de pesquisadores convidados. Pelas sugestões de participantes das edições anteriores, nesta edição os mini-cursos terão um maior conteúdo prático e haverá um espaço para a divulgação dos trabalhos dos alunos participantes em forma de painel.
